Todos os tipos de diabetes mellitus tem em comum a presença elevada de glicose sangüínea, a hiperglicemia. O diabetes insipidus, que é uma rara doença da glândula pineal também chamada de hipófise devido a diminuição da secreção do hormônio antidiurético - ADH - não tem relação com o diabetes mellitus. Há outras doenças, mais raras, que podem causar hiperglicemia, por isso, o diagnóstico somente pode ser consignado por uma médico.
Vamos começar com uma classificação tradicional e depois se seguirá uma nova proposta de classificação:
CLASSIFICAÇÃO TRADICIONAL TIPO I Também chamada de diabetes insulinodependente ou infanto-juvenil. Este tipo pode se desenvolver em qualquer idade e a característica principal é que o corpo não consegue mais produzir insulina, ou produz tão pouco que se torna necessário complementá-la com insulina através de injeções. TIPO II Também já foi chamado de não insulinodependente ou da maturidade e tem como característica a resistência insulínica por um defeito nos receptores celulares da insulina e não pela redução da insulinemia. Neste caso o tratamento visa a melhorar a sensibilidade destes receptores através de medicações orais. Com a evolução da gravidade do diabetes tipo dois pode ser necessário tratar com insulina para aumentar o estímulo buscando ativar os resistentes receptores disponíveis buscando a compensação da glicemia e se torna do tipo II insulinodependente. DIABETES GESTACIONAL Este tipo é exclusivo para a mãe que apresenta hiperglicemia no período de gravidez. Tal fato é temporário e depois do parto a glicemia se normaliza, porém há elevada incidência de diabetes tipo 2 na mãe após alguns anos. DIABETES TERCIÁRIO Este tipo é quando em que a glicemia se eleva temporariamente por conta de outras doenças, como na síndrome de cushing, pancreatite crônica, fibrose cística, hepatites, uso de determinados medicamentos etc. DIABETES TIPO M.O.D.Y. Raro, em que ocorre o diabetes não insulinodependente no jovem. A sigla vem da iniciais de Maturity Onset of Diabetes of the Young - Diabetes do Adulto Iniciado no Jovem. NOVA CLASSIFICAÇÃO DO DIABETES O termo diabetes mellitus (DM) engloba um grupo de distúrbios metabólicos crônicos com uma característica de um único componente sanguíneo: a glicose. No entanto, se forem observadas outras características além da hiperglicemia, novas perspectivas podem ser vistas no diabetes. Pesquisadores escandinavos realizaram um estudo reunindo cerca de 15 mil portadores de diabetes de início no adulto e foram analisados parâmetros laboratoriais, genéticos, detalhes da apresentação clínica e progressão da doença, entre eles idade ao diagnóstico, índice de massa corporal, anticorpos anti-glutamato descarboxilase (anti-GAD), hemoglobina glicada (HbA1c) e estimativas da função das células β e resistência à insulina com a calculadora HOMA e o peptídeo C. Os resultados foram confrontados com dados prospectivos da evolução clínica, incluindo medicamentos utilizados e desenvolvimento de complicações. A análise estatística permitiu comparar os subgrupos com relação ao tempo de uso e medicações necessárias para atingir o alvo do tratamento, o risco de complicações do diabetes e associações genéticas. Assim foram identificados cinco grupos de diabetes sendo três formas graves e duas formas leves da doença e os autores desta pesquisa relataram que não havia nenhuma variante genética associada a todos os tipos dos cinco grupos e que cada grupo possuía um perfil genético, confirmando que o diabetes é uma doença poligênica de causa multifatorial. Desta forma, uma nova classificação do diabetes foi estabelecida. Grupo 1 Diabetes autoimune grave – Engloba o DM tipo 1 e LADA – Início em idade mais jovem – IMC mais baixo – Controle metabólico ruim – Deficiência de insulina – Anti-GAD positivo – Risco de cetoacidose ao diagnóstico Grupo 2 Diabetes insulino-deficiente grave – Semelhante ao grupo 1 - Anti-GAD negativo – HBA1c alta – Maior incidência de retinopatia – Risco de cetoacidose ao diagnóstico. Grupo 3 Diabetes insulino-resistente grave – Resistência à insulina – IMC elevado – Maior incidência de doença renal. – Maior risco de complicações numa média de 3,9 anos Grupo 4 Diabetes leve relacionado à obesidade – Obesidade – Idade mais jovem – Não insulino-resistente Grupo 5 Diabetes leve relacionado à idade – Idade mais avançada – Alterações metabólicas discretas. Assim, esta nova classificação proposta demonstra uma forma diferente de analisar o diabetes e permite personalizar e aperfeiçoar o tratamento com benefícios ao paciente no êxito do tratamento a longo prazo. Referências Bibliográficas: 01) Diabetes Consists of Five Types, Not Two, Say Researchers. Medscape. 2018. 02) Novel subgroups of adult-onset diabetes and their association with outcomes: a data-driven cluster analysis of six variables. The Lancet Diabetes & Endocrinology.2018. Leif Groop et al. NOTAS EXPLICATIVAS Diabetes mellitus é uma condição anormal do metabolismo caracterizada pela hiperglicemia - excesso de glicose no sangue - decorrente da inabilidade do organismo em utilizar a glicose para a produção de energia celular essencial à vida.
Com o desenvolvimento das pesquisas médicas se percebe que a
hiperglicemia não é a única alteração que explique a doença, portanto,
cada vez mais são descobertas outras alterações que compõe o diabetes
como uma síndrome poligênica e multifatorial. Classificar corretamente o tipo de diabetes e entender o seu estágio evolutivo é essencial para a eficácia da estratégia terapêutica e sucesso do tratamento.
Para isto, somente o médico está capacitado em compreender as múltiplas
facetas que o diabetes se apresenta. |
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