A REVASCULARIZAÇÃO
DO PÉ DO DIABÉTICO

Terapia cirúrgica para a gangrena do pé.    

Dr. Izidoro de Hiroki Flumignan

CRM 5245054-3

    Se diz "pé diabético" quando uma pessoa com diabetes tem uma lesão no pé decorrente do diabetes. 

    Quando isto acontece, devemos sempre encarar como uma situação grave que se não for tratado, poderá concorrer com um risco de amputação. 

    A maioria das causas do pé diabético são mistas, ou seja, de causa neurológica associada a causa vascular.     

    Aque vamos abordar as lesões vasculares, conhecidas também como lesões isquêmicas crônicas que não cicatrizam mesmo a com corretos tratamentos locais e sistêmicos. 

    Neste caso, a dificuldade de cicatrização decorre de lesões arteriais ateroscleróticas obstrutivas periféricas, muitas vezes associadas a neuropatia diabética, que acarretam diminuição importante do aporte sangüíneo e sensibilidade reduzida para aquela extremidade. 

    Esse conjunto de situações podem culminar na amputação seriada de segmentos dos membros inferiores. 

  Para não amputar, uma das alternativas de salvação da extremidade é a revascularização do membro inferior. 

    Nem todas as pessoas com diabetes estão aptas a este procedimento, pois quando a doença aterosclerótica vascular é segmentar e de múltiplos vasos tornam as pontes vasculares (bypass) menos viáveis. 

    Portanto, o sucesso do procedimento cirúrgico em questão é dependente da estensão e da localização das lesões ateroscleróticas.

    Abaixo segue uma análise dos resultados de uns dos melhores centros de referência mundial sobre o assunto visando subsidiar a decisão terapêutica.

Análise dos Resultados
do Bypass com a Artéria Dorsal do Pé :

Publicado em 2003 pela Clinical Research Studies from the Society for Vascular Surgery - USA

Frank Pomposelli, da Divisão de Cirurgia Vascular da Harvard Medical School, liderou uma pesquisa com o intuito de revisar a experiência do grupo de cirurgia vascular na última década com o bypass (anastomose) da a artéria dorsal do pé para revascularização de extremidade isquêmica em pacientes com diabetes mellitus.

Este estudo consistiu em uma análise retrospectiva do registro computadorizado de cirurgias vasculares e de revisão de prontuários. De 10 de janeiro de 1990 a 11 de janeiro de 2000, 1032 cirurgias de bypass com a artéria dorsal do pé foram realizadas em 865 pacientes (27.6% das 3731 cirurgias de bypass na extremidade inferior realizadas no período). 597 pacientes ( 69%) eram homens, com uma idade média de 66.8 anos. 92% apresentavam diabetes mellitus. Todos os procedimentos foram realizados para revascularização de extremidade isquêmica.

A taxa de mortalidade no primeiro mês após a cirurgia foi de 0.9%, e 42 enxertos (4.2%) não obtiveram sucesso nesse mesmo período, apesar de 13 terem sido revisados com sucesso . No período de seguimento que se estendeu de 1 a 120 meses ( média de 23.6 meses), a patência primária, a patência secundária e a taxa de recuperação das extremidades foram 56.8%, 62.7% e 78.2% em cinco anos, e 37.7%, 41.7% e 57.7% após dez anos.

Dois pacientes foram submetidos a enxertos de politetrafluoroetileno, que não obtiveram sucesso em menos de um ano . A patência primária do enxerto foi pior em pacientes femininas (46.5% mulheres versus 61.6% homens em cinco anos ; P < .009); mas foi melhor em pacientes com diabetes (65.9% com diabetes mellitus versus 56.3% sem diabetes mellitus em quatro anos; P < .04). Os enxertos de veia safena foram melhores que todas os outros realizados, com uma patência secundária de 67.6% versus 46.3% em cinco anos (P < .0001).

A análise multivariada demonstrou que a duração da internação maior que dez dias e a indicação de revascularização com a artéria dorsal do pé por indicação cirúrgica após oclusão prévia de enxerto foram fatores preditivos independentes de pior patência de enxerto em um ano, e o uso de veia safena foi um fator preditivo de melhor patência.

Os pesquisadores concluíram que o bypass da artéria dorsal do pé é durável com uma previsibilidade de salvamento de extremidade isquêmica após vários anos. Veia safena seria a primeira opção se estiver disponível. Os resultados no geral justificam o uso de rotina da reconstrução arterial pedial para pacientes com diabetes e complicações isquêmicas no pé.





Relacionados:

Fundamentos da dieta do diabetes

Hemoglobina glicada





INSTITUTO FLUMIGNANO DE MEDICINA
do Rio de Janeiro

www.medicina.flumignano.com

Avenida Nossa Senhora de Copacabana 664/704,
CRP 22050-001 - RIio de Janeiro - RJ.


INÍCIO

BIBLIOTECA


EQUIPE 

NÚCLEOS

EDUCAÇÃO EM SAÚDE