DIAGNÓSTICO DO DIABETES
Dr. Izidoro de Hiroki Flumignan

     O diagnóstico e a classificação do diabetes mellitus deve subsidiado pelos exames bioquímicos, hormonais, imunológicos e genéticos dirigido pelos protocolos institucionais de reconhecimento mundial.

    Tais protocolos nem sempre conseguem atender as necessidades explicativas da medicina, uma vez que seus limites regrados visam atender a maioria, mas não a totalidade, dos casos hiperglicêmicos.  

    A apresentação clínica é primordial, mas não a única, para a classificação do diabetes. Na criança, o exuberante emagrecimento rápido, a sonolência e excessos de sede, fome e urinação constituem os sintomas mais comuns e de fácil interpretação. Comumente é chamada de diabetes tipo 1, também de insulinodependente.

    Outrora pode acontecer, em raras vezes, o diabetes na fase infanto-juvenil, sem estes exuberantes sintomas, com a presença da glicemia levemente elevada, não insulino-dependente, conhecido como diabetes MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young), que pode assim permanecer por longo período, mas tenderá a piorar com o passar dos anos. 

    No jovem, com incidência em elevação em decorrência da epidemia da obesidade, relacionado com a esteatose hepática, aparece a diabesidade. Ou seja, a elevação glicêmica em decorrência da obesidade visceral, que é não insulinodependente, possível de reversão através do emagrecimento. 

    No adulto e no idoso, o diabetes, na maioria das vezes, inicia-se lentamente, assintomática, com progressiva elevação da glicemia de jejum com o passar dos anos, inicialmente não insulinodependente. 

    Esta apresentação é compatível com o diabetes tipo 2 e muito freqüentemente o diagnóstico é realizado em laboratórios ou em campanhas públicas de detecção do diabetes.  

    Porém, não raramente, pode a hiperglicemia do adulto ter início subagudo, com elevação repentina da glicemia e deterioração metabólico em poucos meses. Neste caso, pode tratar-se do diabetes tipo 1 do adulto, cujo tratamento necessita de insulina, também conhecido para diabetes LADA (Latent autoimmune diabetes of adults).

    A grande maioria do diabetes tipo 2, que ocorre no adulto, está relacionado com a obesidade. O emagrecimento pode reverter esta alteração glicêmica. Este tipo de diabetes associado a obesidade também tem sido chamado de diabesidade. Este tipo de diabetes tem se beneficiado da cirurgia bariátrica para a reversão do diabetes.

    A hiperglicemia que ocorre exclusivamente na gestação chama-se de diabetes gestacional.   A alteração da glicemia se normaliza após o parto. Estatisticamente se tem observado que após alguns anos do parto a hiperglicemia retorna mesmo sem a gestação, ocorrendo então o diabetes tipo 2. 

    Temos também o diabetes tipo 1, insulinodependente, que associada a obesidade e esteatose hepática, acaba por acumular os mecanismos fisiopatológicos de resistência insulínica do diabetes tipo 2, portanto, somando diabetes tipo 1 + 2 no paciente. 

    Temos também o diabetes tipo 2 resistente a insulina que acaba por ficar exaurido de sua própria produção insulínica simulando o diabetes tipo 1, portanto, do ponto de vista fisiopatológico, teremos o diabetes tipo 2 + 1 ou Tipo Duo.

    Há também o diabetes gestacional associada com obesidade, portanto, temos o diabetes gestacional + diabesidade.  

    Para o diagnóstico de diabetes gestacional a rotina é fazer o exame glicêmico nas gestantes entre a 24 e 28 semanas com teste de rastreamento simplificado com administração de 50g de glicose via oral e uma única coleta glicêmica após 60 minutos, sem a necessidade de jejum ou dieta prévia. A glicemia até 140mg%  é considerada normal, caso esteja acima pode-se proceder, se necessário, a curva glicêmica com 75 g de glicose para esclarecer a dúvida., conforme mostra as tabelas no final desta página.

    Em algumas vezes tanto os médicos quanto os pacientes ficam em dúvidas quanto as glicemias limítrofes, nestes casos, pode-se fazer uso da Curva Glicêmica ou Teste Oral de Tolerância a Glicose (TOTG), observando que o teste deve ser realizado entre 8 às 10 horas com dieta e atividades físicas normais nos dias precedentes, sem uso de medicações hipo ou hiperglicemiante e durante o teste é necessário ficar em repouso, sentado no laboratório, sem fumar, beber, comer ou estressar-se.

    Nos protocolos glicêmicos atuais não há diferenças entre as glicemias por faixas etárias devido a limitações das pesquisas médicas, portanto, a idade do paciente é desconsiderada, atualmente, para o diagnóstico do diabetes. 

    Enfim, como ficou demonstrado, entender a dinâmica do diabetes, enxergando-a como um filme e não como uma fotografia, pode-se estabelecer tratamentos e metas mais eficazes para a proteção do diabético(a), pois há diferentes tratamentos para cada fase.

    Veja abaixo, ilustradamente, as últimas tabelas protocolares para o diagnóstico do diabetes editadas pelas instituições médicas oficiais.



GLICEMIAS ANORMAIS
 EM ADULTOS E CRIANÇAS 

1997 - (superada)
Fonte: - Report of the Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes mellitus - Diabetes Care, 20:1183 - 1197, 1997.

Glicemia (tempo) Valores de referência
mg%
Pré-diabetes
mg%
Diabetes Mellitus
mg%
DM gestacional
mg% *
Jejum de 12h até 110 111 a 125 maior ou igual a 126 até 105
2h após 75g de glicose por via oral até 140 141 a 199 maior ou igual a 200 1h - até 190
2h - até 165
3h - até 145

2006  - (superada)
Fonte :  - Sociedade Brasileira do Diabetes - SBD e Internacional Diabetes Federation - IDF.

Glicemia (tempo) Valores de referência
mg%
Pré-diabetes
mg%
Diabetes Mellitus
mg%
DM gestacional
mg%
Jejum de 12h 70 a 99 100 a 125 maior ou igual a 126 maior ou igual a 126
2h após 75g de glicose por via oral menor que 140 140 a 199 maior ou igual a 200 maior ou igual a 140

2011 - (vigente 2023)

Fonte :  Diabetes Care. 2011;33:S11-S61 e Diabetes Care. 2010;33:676-682

Glicemia (tempo) Valores de referência
mg%
Pré-diabetes
mg%
Diabetes Mellitus
mg%
Jejum de 12h 70 a 99 100 a 125 maior ou igual a 126
2h após 75g de glicose por via oral menor que 140 140 a 199 maior ou igual a 200

DIABETES GESTACIONAL

ADA - Associação Americana de Diabetes
IADPSG - Associação Internacional para o Estudo de Diabetes e Gestação


Protocolo simplificado para rastramente de diabetes gestacional

Fazer 50g de glicose via oral e uma única coleta glicêmica após 60 minutos, sem a necessidade de jejum ou dieta prévia.

A glicemia até 140mg%  é considerada normal, caso esteja acima pode-se proceder, se necessário, a curva glicêmica com 75 g de glicose para esclarecer a dúvida.

Protocolo da sobrecarga glicêmica com 75g de glicose

Jejum - maior ou igual a 92 mg%.
Aos 60 minutos - maior ou igual 180 mg%
Aos 120 minutos - maior ou igual a 153 mg%

Protocolo positivo com apenas uma das dosagem da glicemia alterada.






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