O diagnóstico e a
classificação do diabetes
mellitus deve subsidiado pelos exames bioquímicos,
hormonais, imunológicos e genéticos dirigido pelos
protocolos institucionais de reconhecimento mundial.
Tais protocolos nem sempre conseguem atender as necessidades explicativas da medicina, uma vez que seus limites regrados visam atender a maioria, mas não a totalidade, dos casos hiperglicêmicos. A apresentação clínica é primordial, mas não a única, para a classificação do diabetes. Na criança, o exuberante emagrecimento rápido, a sonolência e excessos de sede, fome e urinação constituem os sintomas mais comuns e de fácil interpretação. Comumente é chamada de diabetes tipo 1, também de insulinodependente. Outrora pode acontecer, em raras vezes, o diabetes na fase infanto-juvenil, sem estes exuberantes sintomas, com a presença da glicemia levemente elevada, não insulino-dependente, conhecido como diabetes MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young), que pode assim permanecer por longo período, mas tenderá a piorar com o passar dos anos. No jovem, com incidência em elevação em decorrência da epidemia da obesidade, relacionado com a esteatose hepática, aparece a diabesidade. Ou seja, a elevação glicêmica em decorrência da obesidade visceral, que é não insulinodependente, possível de reversão através do emagrecimento. No adulto e no idoso, o diabetes, na maioria das vezes, inicia-se lentamente, assintomática, com progressiva elevação da glicemia de jejum com o passar dos anos, inicialmente não insulinodependente. Esta apresentação é compatível com o diabetes tipo 2 e muito freqüentemente o diagnóstico é realizado em laboratórios ou em campanhas públicas de detecção do diabetes. Porém, não raramente, pode a hiperglicemia do adulto ter início subagudo, com elevação repentina da glicemia e deterioração metabólico em poucos meses. Neste caso, pode tratar-se do diabetes tipo 1 do adulto, cujo tratamento necessita de insulina, também conhecido para diabetes LADA (Latent autoimmune diabetes of adults). A grande maioria do diabetes tipo 2, que ocorre no adulto, está relacionado com a obesidade. O emagrecimento pode reverter esta alteração glicêmica. Este tipo de diabetes associado a obesidade também tem sido chamado de diabesidade. Este tipo de diabetes tem se beneficiado da cirurgia bariátrica para a reversão do diabetes. A hiperglicemia que ocorre exclusivamente na gestação chama-se de diabetes gestacional. A alteração da glicemia se normaliza após o parto. Estatisticamente se tem observado que após alguns anos do parto a hiperglicemia retorna mesmo sem a gestação, ocorrendo então o diabetes tipo 2. Temos também o diabetes tipo 1, insulinodependente, que associada a obesidade e esteatose hepática, acaba por acumular os mecanismos fisiopatológicos de resistência insulínica do diabetes tipo 2, portanto, somando diabetes tipo 1 + 2 no paciente. Temos também o diabetes tipo 2 resistente a insulina que acaba por ficar exaurido de sua própria produção insulínica simulando o diabetes tipo 1, portanto, do ponto de vista fisiopatológico, teremos o diabetes tipo 2 + 1 ou Tipo Duo.
Há também o diabetes gestacional
associada com obesidade, portanto, temos o diabetes gestacional + diabesidade.
Para o diagnóstico de diabetes
gestacional a rotina é fazer o exame glicêmico nas
gestantes entre a 24 e 28 semanas com teste de rastreamento
simplificado com administração de 50g de glicose via oral
e uma única coleta glicêmica após 60 minutos, sem a
necessidade de jejum ou dieta prévia. A glicemia
até 140mg% é considerada normal, caso esteja
acima pode-se proceder, se necessário, a curva glicêmica
com 75 g de glicose para esclarecer a dúvida.,
conforme mostra as tabelas no final desta página.
Em algumas vezes tanto os médicos quanto os
pacientes ficam em dúvidas quanto as glicemias
limítrofes, nestes casos, pode-se fazer uso da Curva
Glicêmica ou Teste Oral de Tolerância a Glicose (TOTG),
observando que o teste deve
ser realizado entre 8 às 10 horas com dieta e atividades físicas
normais nos dias precedentes, sem uso de medicações
hipo ou hiperglicemiante e durante o teste é
necessário ficar em repouso, sentado no
laboratório, sem fumar, beber, comer ou estressar-se.
Nos protocolos glicêmicos atuais
não há diferenças entre as glicemias por
faixas etárias devido a limitações das pesquisas
médicas, portanto, a idade do paciente é desconsiderada,
atualmente, para o diagnóstico do diabetes.
Enfim, como
ficou demonstrado, entender a dinâmica do diabetes,
enxergando-a como um filme e não como uma fotografia,
pode-se estabelecer tratamentos e metas mais eficazes para a
proteção do diabético(a), pois há
diferentes tratamentos para cada fase.
Veja abaixo, ilustradamente, as últimas tabelas protocolares para o diagnóstico do diabetes editadas pelas instituições médicas oficiais. |
1997 -
(superada)
Fonte: - Report of
the Expert Committee on the
Diagnosis and Classification of Diabetes mellitus - Diabetes Care,
20:1183 - 1197, 1997.
Glicemia (tempo) | Valores de referência mg% |
Pré-diabetes mg% |
Diabetes Mellitus mg% |
DM gestacional mg% * |
Jejum de 12h | até 110 | 111 a 125 | maior ou igual a 126 | até 105 |
2h após 75g de glicose por via oral | até 140 | 141 a 199 | maior ou igual a 200 | 1h - até 190 2h - até 165 3h - até 145 |
2006 - (superada)
Fonte : - Sociedade Brasileira do
Diabetes - SBD e Internacional Diabetes Federation - IDF.
Glicemia (tempo) | Valores de referência mg% |
Pré-diabetes mg% |
Diabetes Mellitus mg% |
DM gestacional mg% |
Jejum de 12h | 70 a 99 | 100 a 125 | maior ou igual a 126 | maior ou igual a 126 |
2h após 75g de glicose por via oral | menor que 140 | 140 a 199 | maior ou igual a 200 | maior ou igual a 140 |
Glicemia (tempo) | Valores de referência mg% |
Pré-diabetes mg% |
Diabetes Mellitus mg% |
Jejum de 12h | 70 a 99 | 100 a 125 | maior ou igual a 126 |
2h após 75g de glicose por via oral | menor que 140 | 140 a 199 | maior ou igual a 200 |
Protocolo simplificado para rastramente de diabetes gestacional Fazer 50g de glicose via oral e uma única coleta glicêmica após 60 minutos, sem a necessidade de jejum ou dieta prévia. A glicemia até 140mg% é considerada normal, caso esteja acima pode-se proceder, se necessário, a curva glicêmica com 75 g de glicose para esclarecer a dúvida. |
Protocolo da sobrecarga glicêmica
com 75g de glicose Jejum - maior ou igual a 92 mg%. Aos 60 minutos - maior ou igual 180 mg% Aos 120 minutos - maior ou igual a 153 mg% Protocolo positivo com apenas uma das dosagem da glicemia alterada. |
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