O
pioneiro estudo multicêntrico dos Estados Unidos sobre
evolução das complicações do diabetes, o
DCCT - Estudo de Controle e Complicações do Diabetes
realizado de 1982 a 1993 e o estudo EDIC - Epidemiologia das
Intervenções e Complicações do Diabetes,
realizado de 1994-2006 demonstraram que o diabetes bem
controlado pode reduzir o
aparecimento de retinopatia diabética em 76%, da neuropatia
diabética em 69% e da nefropatia diabética em 40%, em
comparação com os diabéticos mal controlados.
Tais estudos verificaram que para cada 1% da redução da hemoglobina glicada reduzem-se em 50% os riscos de complicações crônicas, portanto, a evolução satisfatória das complicações do diabetes é diretamente proporcional a qualidade do controle glicêmico. O excesso de glicose no sangue (hiperglicemia) provoca reações químicas de glicosilação protéica não enzimática que podem ser irreversíveis na dependencia da duração e do nível da hiperglicemia. A hemoglobina é uma molécula que se localiza dentro da hemácia e é fisiologicamente glicosilada de maneira irreversível, marcando-a até sua destruição natural, por volta de 3 meses, quando então, novas hemácias a substituem. Portanto, esta glicosilação irreversível é chamada hemoglobina glicosilada, que pode ser aferida em porcentagem. Portanto a dosagem desta fração de hemoglobina glicada representa o controle médio glicêmico dos últimos 3 meses. Outro indicador, menos usado e não tão fidedigno é a frutosamina, que trata-se da glicosilação da albumina, uma proteína sanguínea com ciclo médio de 3 semanas. De forma semelhante, a dosagem da frutosamina representa a glicemia média das últimas 3 semanas. A conhecida glicemia, de jejum ou não, representa a quantidade de glicose do sangue daquele exato momento, sem relação de longo prazo. A hemoglobina glicada é o principal "indicador da média glicêmica de qualquer pessoa, e portanto, para as pessoas com diabetes, é espelho do seu nível do controle glicêmico, cuja medida, em percentual, fundamenta as tomadas de decisões médicas.
Nova Iorque, em 2005, foi om pioneiro em utilizar as
dosagens da hemoglobina glicada para as ações de
saúde pública. No Brasil, o pioneirismo foi
do Estado do Rio de Janeiro com a aprovação de LEI
9.336, de 15 de junho de 2021, conhecida com a Lei da Hemoglobina
Glicada, que obriga os laboratórios de análises
clínicas públicos e privados a notificarem a Secretaria
de Estado as dosagens alteradas de hemoglobina glicada para auxiliar
nas ações preventivas no diabetes.
Atualmente (2021), o diabetes é conhecido como a doença crônica mais cara do mundo e a maioria dos medicamentos são importados. Abaixo se mostra um dos gráficos conclusivos do estudo DCCT que relaciona os níveis de hemoglobina glicosilada e as complicações do diabetes.
Os níveis de hemoglobina glicosilada até 5,7% é o esperado para as pessoas normais. Além deste percentual já mostra um estado de metabolismo glicêmico alterado, que gradualmente, evolui para o diabetes franco. A hemoglobina glicosilada deve ser medida 3 vezes ao ano, dependendo da avaliação médica. Há também uma correlação entre os níveis de hemoglobina glicosilada e a média glicêmica, demonstrado na tabela abaixo:
Observação: os níveis da hemoglobina glicosilada pode ser inferiorizados devido a presença de anemias, excesso de vitamina C ou E e aumento exagerado dos triglicerídeos, uréia, bilirrubinas ou hemoglobinas anormais. Os laoratórios de análises clínicas podem usar kits não padronizados que influem nas diferenças dos numerais apresentados neste artigo. Sua aplicação na saúde pública através de análises de bigdatas podem ser corrigidas por algoritmos. |
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