 A
primeira
Associação de Diabéticos do Brasil ,
de
voluntários, sem finalidade
lucrativa.
Missão Defender os diabéticos do Rio de Janeiro, requerer seus direitos e colaborar com a saúde pública brasileira. Filiada a FENAD - Federação Nacional das Associações dos Diabéticos |
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CARTA DE MANIFESTO AO DIA MUNDIAL DO DIABETES
- Editada em 14 de novembro de 2010 -
Dr. Jackson Caiafa* e Dr. Izidoro de Hiroki Flumignan **
A ACD – Associação Carioca dos Diabéticos, juntamente com os LIONS CLUBES, vem manifestar-se publicamente sobre a importância de considerar o diabetes como uma das prioridades mais relevantes na saúde pública do Brasil e do mundo.
O perfil epidemiológico brasileiro e mundial vem se modificando rapidamente nas últimas décadas. As doenças crônicas não-transmissíveis, que tem o diabetes como seu maior representante, assumem papel de destaque entre as causas de mortalidade e de graves complicações, principalmente nas áreas metropolitanas. Para o enfrentamento desses problemas, a saúde precisa se estruturar progressivamente de forma a atender as novas realidades epidemiológicas do país que ainda apresenta grandes desigualdades sociais. A complexidade dessas doenças crônicas demanda uma multiplicidade de intervenções em diversos níveis de atenção à saúde, associada a uma forte articulação entre diversos setores em todo o país.
Os fatores relacionados ao seu incremento incluem alguns vetores que precisam ser considerados para a prevenção destas doenças. As transformações no modo de vida da sociedade, trazidas pela urbanização, o envelhecimento populacional e o aumento da obesidade vêm se processando com muita rapidez, e são os principais aspectos relacionados à explosão na incidência dessas doenças. No Brasil, em 1988 foi revelada uma prevalência de diabetes de 7,6% na população de 30 a 69 anos. Já em 2001, a Campanha Nacional para detecção dos casos suspeitos da doença, mostrou prevalência de 14,7%. Outros estudos demonstram prevalência de 12% na população de 30 a 69 anos em Ribeirão Preto e de 12,4 % em residentes, com 20 anos ou mais, de áreas urbanas no Rio Grande de Sul. No mundo já são mais de 250 milhões de diabéticos, número que ultrapassa os 10 milhões no Brasil. A essa prevalência preocupante, se associa um alto grau de desconhecimento sobre a doença por parte da população, mesmo entre aqueles já diabéticos, o que prejudica o início precoce e correto do tratamento.
As taxas de hospitalização e mortalidade por diabetes e suas complicações vem crescendo de forma expressiva e são indicativas da magnitude do problema. O diabetes é hoje considerado o maior causador, em todo o mundo, de amputações não traumáticas, de cegueira adquirida e de insuficiência renal, além de importantíssimo fator de risco para infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. O termo “atenção ao diabetes” representa todas as ações de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, voltados tanto para a população em geral quanto para os portadores de diabetes. É necessário o desenvolvimento de rotinas para a prevenção primária do diabetes na população saudável e nas de alto de risco, com a finalidade de evitar novos casos de diabetes. Evidências epidemiológicas são inequívocas quando afirmam que a adoção de atividades físicas diárias, manutenção de peso e padrão alimentar rico em fibras e pobres em gorduras reduzem drasticamente o risco de desenvolver diabetes em indivíduos com intolerância à glicose, e o controle intensivo da glicemia nos pacientes retarda o aparecimento ou progressão das complicações crônicas, orientações recomendadas pela OMS - Organização Mundial de Saúde. Tudo isso baliza o tema de 2010 do Dia Mundial do Diabetes, comemorado no dia 14 de novembro, “VAMOS CONTROLAR O DIABETES JÁ”.
A efetividade dessas intervenções primárias também se mostrou positiva em unidades básicas de saúde através de programas de exercícios físicos e educação nutricional para adultos com sobrepeso e obesidade. Programas de baixo custo na atenção ao diabetes produzem benefícios econômicos grandiosos a longo prazo, e a implantação de linhas especiais de cuidados na prevenção e tratamento das suas principais complicações é fundamental para a melhoria da qualidade de vida dos diabéticos e diminuição dos custos sociais da doença. Um dos aspectos mais relevantes na prevenção do diabetes nas próximas décadas é a profilaxia da obesidade infanto-juvenil que se encontra sem atendimento eficaz nos dias atuais. Portanto, somente com ações assertivas no controle da doença, incluindo as orientações já descritas da OMS e a implantação de medidas de orientação nutricional e educação integral e permanente, poderemos enfrentar os desafios da saúde pública nesse milênio que se inicia.
* Médico cirurgião vascular e dedicado
a atenção ao pé diabético.
** Médico endocrinologista e sanitarista.
